Parágrafo finalística, causalística e programática - "Nosso progrma" de Vilém Flusser

        No texto "Nosso Programa", Flusser apresenta três conceitos fundamentais para entender fenômenos: finalística, causalística e programática. A finalística é a ideia de que o mundo é regido por um propósito maior e que o comportamento humano não passa de uma série de ações motivadas por um objetivo predestinado, ou seja, as ações que tomamos no presente são explicadas pelo futuro. Flusser aponta que o problema da visão finalística é que a liberdade é colocada em risco, afinal, se tudo que acontece no universo já está predestinado, ninguém tem liberdade de escolha. A imagem causalística traz a ideia de que todo evento é, na verdade, uma sucessão de causas e consequências. Nesse caso, Flusser argumenta que a causalística permite uma falsa noção de liberdade "subjetiva", uma vez que temos a sensação de agir livremente quando, na realidade, nossas ações são "objetivamente" determinadas pelo passado. O último conceito abordado é o de programática, que aponto que todo evento é fruto do acaso - o que parece ser propósito ou causa são apenas acasos dentre inúmeras possibilidades. Dessa forma, essa visão não apresenta nenhum problema com a liberdade. 

        Na aula do dia 10/04, fizemos algumas dinâmicas corporais para melhorar nossa compreensão desses três conceitos. O primeiro exercício consistia em formar uma fila de pessoas aleatoriamente e cada pessoa deveria escolher ir para a direita ou para a esquerda, caso fosse maior ou menor, respectivamente, do que a pessoa ao seu lado. Isso é um exemplo da finalística, pois independente da posição inicial de cada pessoa, o resultado sempre será o mesmo: uma fila de pessoas cujas alturas aumentam gradativamente, da esquerda para a direita. 

        Nas próximas duas dinâmicas trabalhamos com a transmissão de movimentos e cada pessoa deveria assumir uma função: horizontal ou diagonal. Quem era horizontal deveria tranmitir o toque "horizontalmente" (se foi tocada no braço, então toca no braço da próxima pessoa), enquanto que, quem era diagonal, deveria transmitir "diagonalmente" (se foi tocada no braço, então toca no pé da próxima pessoa). Em uma atividade foi feito um círculo de pessoas e cada pessoa passava a informação, ou seja, o toque, para a pessoa ao lado de acordo com a função escolhida. Dessa forma, podemos entender como funciona a causalística, pois o movimento de cada pessoa depende do movimento realizado pela pessoa anterior. 

        No último exercício, todo mundo ficou em lugares aleatórios no pátio, cada pessoa andava, tocava em quem ela quisesse, continuava andando e depois parava. Ao ser tocada, a outra pessoa deveria andar, tocar outra pessoa, de acordo com sua função, e assim por diante. Isso é um exemplo da programática, visto que o posicionamento final das pessoas não é predestinado, nem depende de uma causa externa, é decorrente do acaso. A cada vez que repetirmos o experimento, haverá um resultado diferente dentre as infinitas combinações possíveis.

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